22 junho, 2011

Politologia


... questionar o inquestionável. Os ministros foram apresentados, são pessoas aparentemente competentes com um currículo respeitável e obra feita, mas no meio disto tudo há um problema, um grande problema... para chegar ao lugar que ocupam e para se manter lá, precisam dos votos das pessoas e infelizmente toda a gente pode votar e o voto daquele que procura eleger a pessoa mais competente para governar o país, vale tanto como o voto daquele com interesses mais mesquinhos, mais obscuros, que não se importa de trocar o bem do país e de todos os seus habitantes pelo seu bem individual, por "um tacho", por uma benesse ou apenas por querer que ganhe o seu partido da mesma maneira que quer que ganhe o seu clube de futebol. Sim, eu estou a questionar se o direito de sufrágio devia ser universal, mesmo sabendo que muita gente me chacinaria por isso enquanto me falavam interminavelmente do 25 de Abril. Será que toda a gente tem capacidade reflexiva para acompanhar os conflitos sociais, económicos, jurídicos e filosóficos que o Estado enfrenta e escolher as pessoas mais capazes para o cargo? Será que que todos os eleitores colocam a defesa da sua sociedade e espécie acima do seu bem-estar e sobrevivência? Eu acredito que a resposta a todas estas perguntas, sobretudo em Portugal é um redondo "não"! A consequência disto é que os políticos, que precisam dos votos, têm de ir de encontro à maioria da vontade dos eleitores, sendo que esta nem sempre passa pelo rigor, pela transparência e pela competência. Os eleitores preferem muitas vezes uma mentira bonita a uma verdade feia, preferem um bom marketing a uma transparência, preferem gastar enquanto há do que poupar para o que virá, dizem que estão contra "os tachos", mas todos os querem e se não se houver "jobs for the boys", não há "boys" e não há portanto quem angarie votos. É isto que leva a que se deixe o país na quase bancarrota, para se conseguir os votos que nos permitem ficar lá mais uns anitos, é por isso que se dizem tantas mentiras na política mesmo sabendo que mais tarde ou mais cedo acabam por ser desmascaradas, é por isso que eu suspeito do sucesso (político) deste governo, apesar de estar muito confiante no seu sucesso na recuperação económica (e até social) do país.
E por isso questiono o sufrágio universal e acredito que no futuro este venha a dar lugar a um sufrágio restrito, confirmando a visão de Heinlein em "Starship Troopers".

09 junho, 2011

Tanto por tão pouco


...querer saber porque é que em enfermagem tudo tem de ser tão difícil, tão complicado, tão demorado. Penso que começa logo no curso, onde 4 anos me parece ser demasiado tempo para se ensinar tão pouco. Depois começamos a trabalhar (após termos esperado muito tempo por um mísero lugar) e levamos com (mais de) 40 horas semanais para um ordenado equiparável ao de uma auxiliar (desculpem, mas prefiro esta terminologia) e para o auferirmos ainda temos de trabalhar por roullement, dar cabo do nosso ritmo circadiano, passar festas sem a família, entre os outros (mais que) muitos "ossos do ofício", que por sinal são bem duros de roer. Depois, pensamos em ascender na carreira... qual carreira? Isso já não existe há muito, mas... podes "subir" a especialista! Ai sim? Claro, perdes 2 anos, em que para além das (mais de) 40 horas semanais ainda tens de ir ás aulas, estudar em casa e provavelmente arranjar um part-time para pagar as propinas, e no fim... só com muito custo vais lucrar com isso (se querem adquirir conhecimentos, há outras maneiras de o fazer). Então e um mestrado ou doutoramento? Também podes tirar, mas a história repete-se. Então e posso ser chefe? Sim, se te esforçares para isso desde o início, passados uns 30 anos, com muitos sacrifícios pelo meio, muito dinheiro gasto, muito tempo perdido, muitos sapos engolidos e muita graxa passada podemos ter sorte... ou não! E vale a pena? Para mim, por maior que a alma seja, não vale! Então, mas a enfermagem é uma profissão tão ampla, podemos trabalhar em tantos sítios diferentes, em sítios bem interessantes... sim, mas esses já estão todo ocupados e com uma fila de espera de vários anos, por mais sacrifícios que façamos. Então e se tivermos valor pelas nossas capacidades? Ah... ninguém que saber disso, quanto pior fores tu, melhor sou eu. É engraçado que isto que se passa a um nivel "macro", tambem se passa a um nivel "micro". No nosso dia a dia, naquilo que fazemos, nos nossos turnos, ou aquilo que fazemos exige demasiados sacrifcios  (muitas vezes para nada) ou se não for suficientemente complicado, os enfermeiros tratam de o tornar como tal. Noutras áreas, noutras profissões, procuram-se pessoas com valor, pessoas com potencial, e ajudam-se a desenvolver o mesmo, em vez de se querer aquelas pessoas que se sacrificam por (sozinhas) desenvolverem todo o seu potencial, esgotando-o e ficando a um nível muito aquém do que outros poderiam alcançar. Com muito menos sacrificio, as pessoas passam a desempenhar funções muito mais importantes, de maior reponsabilidade e de valor reconhecido. Em enfermagem não se estimula as pessoas a desenvolver-se, não se reconhece o valor das pessoas, não se deixa crescer e ser mais do que os outros, ser quem se pode ser. As maiores figuras da enfermagem (sobretudo a nível nacional) são pessoas de grande valor/potencial, são verdadeiros génios? Ou serão por outro lado pessoas que sacrificaram tudo o resto pela sua carreira (quão triste isso é), ou pessoas que sacrificaram a sua dignidade e o seu orgulho para ascender, ou ainda produtos da política? 
Dizem que "em terra de cegos, quem tem olho é rei", mas na enfermagem, quem tem olho é preso nas masmorras pelo rei (também ele cego).