25 setembro, 2009

Contra (in)formação



...pagar para trabalhar melhor. Verifica-se uma febre geral na enfermagem pelos "cursilhos de formação" que a ser contagiosa pareço estar imune. Para que servem afinal estes cursos? Na sua maioria para nada, pois (in)formam os enfermeiros sobre coisas que nunca vão exercer, que nunca lhe vão ser úteis ou que não têm autonomia para exercer, pelo que rapidamente passarão à sua zona de "reciclagem cerebral". Há no entanto alguns cursos de formação mais pertinentes (geralmente de carácter mais prático), sendo por norma (ainda) mais caros que os anteriores. E então, pergunto eu (sou uma pessoa cheia de questões): quem beneficia com esta formação, com a melhoria dos cuidados por mim prestados? A instituição em que trabalho, ou, em última instância os clientes da mesma, os doentes. Assim sendo, porque tenho eu de pagar essa mesma formação a somar ao tempo e neurónios gastos? O mesmo se aplica ás especialidades, que a par de outros países deveria dar direito a dispensa total de serviço, mantendo a remuneração e com posterior obrigação de permanência na instituição durante um período de tempo pré-acordado. Melhor ainda são os "posters e comunicações livres que contam para o currículo"... qual currículo? isto é mesmo ridículo (ou eu não estou a ver bem a coisa).

19 setembro, 2009

Apanha que é ladrão!!!



...ver as suas funções serem usurpadas por todos e mais alguém. Vêm os farmacêuticos e ficam com a administração de injectáveis; vêm os TAE's e pretendem roubar-nos a emergência pré-hospitalar; vejo cada vez mais médicos a quererem aprender connosco técnicas de enfermagem como a colheita de sangue venoso, aspiração de secreções, entre outras e posteriormente a exexcutarem-nas, e pelo que ouvi dizer até já têm no curso uma cadeira de "técnicas de enfermagem" (isto não é ilegal?); vêm técnicos de tudo e mais alguma como os técnicos de colheitas de sangue ficar com funções nossas; Vêm fisioterapeutas e médicos de MFR roubar a reabilitação aos nossos especialistas; ultimamente assistimos ao aparecimento das doulas para ficar com funções também anteriormente nossas; entre outros muitos mais exemplos. Só não vejo no horizonte das possibilidades nenhum técnico de mudança de fralda, pelo que os enfermeiros terão grandes possibilidades de se tornarem os técnicos especializados na "optimização da fralda". O que eu pergunto é porque acontece isto? Na minha opinião, em primeiro lugar, porque a enfermagem abrange tantos campos de actuação que não nos conseguimos tornar "especialistas" em nenhuma campo específico, não conseguimos ser insubstituíveis em nada, o que é muito perigoso para uma profissão. Em segundo lugar, porque, começando na nossa Ordem e terminando nos próprios profissionais, só vejo preocupação que os AAM (ou AO) não usurpem funções como "levar a comida à boca do doente" ou "lavar as costas do doente no chuveiro" (a "optimização da fralda" nem os AAM querem), as outras funções, mais complexas, mais diferenciadas, com mais visibilidade mas também responsabilidade estão à disposição de quem as quiser roubar e até somos nós que lhes ensinamos as técnicas (pela ambição de mais "meia dúzia de tostões"). Quando daremos conta que nos vendemos a nós próprios?

17 setembro, 2009

Táxi!


...detestar taxistas. Generalizando mais uma vez (até porque conheço taxistas que são boas pessoas), não gosto nada destes profissionais, que se acham "os reis da estrada", sempre com a mão na buzina, mas cometendo erros de condução frequentemente. Se há coisa que não percebo são as regalias dadas a esta classe profissional. Em primeiro lugar, o táxi é um transporte público que poucos benefícios traz para a (maioria da) população, pois a capacidade de transporte é a mesma dos carros próprios, ou ainda menor, tendo em conta que com o táxista, é menos um lugar disponível; pelos preços praticados é um meio de transporte acessível a poucos, e há ainda a acrescentar a fama de burlões de turistas; a poluição de um táxi é superior à de uma viatura própria, pois para levar e mais tarde trazer um passageiro, um táxi efectua 4 viagens, ao invés das 2 viagens que uma viatura própria realizaria, com a agravante da grande maioria dos táxis serem muito poluentes, pela alta cilindrada, pela idade do veículo, quilometragem e estilo condução normal dos táxistas. Assim sendo, expliquem-me (como se fosse um miúdo de 10 anos) porque é que os táxistas têm ajuda financeira na compra dos táxis - os enfermeiros têm alguma ajuda de custo na compra do material que necessitam para trabalhar ou para a compra de carro para ir trabalhar ou bilhete de transporte público? Porque é que os táxistas têm direito a circular nas vias reservadas para transportes públicos - quem tem dinheiro para pagar o táxi passa à frente dos outros? Andar de táxi é uma regalia! E estes senhores ainda estão sempre a exigir mais ajudas financeiras, como um preço reduzido nos combustíveis, como se os táxis dessem uma grande contribuição para o desenvolvimento do país. Qualquer dia ainda lhes é atribuído o subsídio de risco (aquele que os enfermeiros inexplicavelmente não têm).

15 setembro, 2009

One in a million


...ser um dos poucos homens no meio das mulheres. Muitos dirão que tem muitas vantagens, eu digo que tem mais desvantagens. São as próprias mulheres que assumem que trabalhar com (muitas) mulheres é pior do que trabalhar com homens. O ambiente de trabalho é completamente diferente, muitas intrigas, muitas "conversas pelas costas", muita falsidade e muita complicação. Quando eu digo algo, era isso mesmo que eu queria dizer, não me perguntem "o que quero dizer com isso"... os homens (em geral) são directos e não dizem as coisas "com segundas intenções", ao contrário das mulheres, coisa que me irrita... se querem dizer alguma coisa, digam directamente. Senhoras, boa disposição no trabalho não é mau! Já que passamos/desperdiçamos tantas horas no trabalho, não criem "mau ambiente"...

14 setembro, 2009

1000 !!!



...chegar inesperadamente aos 1000 visitantes ao fim de pouco tempo. Um agradecimento a todos eles e em particular aos que comungando ou discordando das minhas opiniões deixam os seus comentários/opiniões pessoais. Para vocês, uma nova imagem do blog e uma promessa de mais posts sinceros, directos e destemidos.

10 setembro, 2009

As aparências iludem



...ser picuínhas (ou não). Todos os dias assisto a uma preocupação dos meus colegas com picuinhices, como se se tratassem de coisas exactas e rigorosas, como seja o registo de sinais vitais; se avaliarem uma segunda vez, com esfigmomanómetro automático ou manual, será que vão voltar a obter uma TA de 123/52 mm/Hg? Então porquê insistir em registar escrupulosamente os 123/45 e criticar quem regista antes 120/50? Uma colheita/junção de urina de 24h que iniciou ás 7:12h, não tem de terminar necessariamente ás 7:12h do dia seguinte, ou conseguem contabilizar a urina presente na bexiga no início e no final? Uma toma de antibiótico prescrito para as 23h não pode ser administrada ás 22h ("os antibióticos têm de ser à hora certa"), apesar da toma anterior (das 15h) ter sido ás 14h. A enfermagem parece no entanto ser feita destas picuinhices, de uma preocupação com "os adesivos, que têm uma ponta descolada" ou com "a dobra do lençol que está mal feita" e é refeita para no momento seguinte o doente voltar a desfazer porque se sente mais confortável assim. Será a enfermagem feita de aparências?

08 setembro, 2009

Não há bem que sempre dure


...ouvir falar nas depressões de fim de Verão por causa do fim das férias/regresso ao trabalho. Aqui está uma coisa que não incomoda os enfermeiros, pois como não podemos ir todos de férias nesta altura, os que conseguem ir, têm tão poucos dias de férias (dado que precisa de ser dividido pelo maior número de pessoas possível) que não chega para se "habituarem a não trabalhar" e há outros desgraçados, que nem uns dias conseguem tirar nesta altura, sobrando-lhes períodos de férias sem interesse nenhum ( e isto é se os dias que lhe sobraram não forem cancelados por causa da gripe A). Afinal de contas, ser enfermeiro tem algumas vantagens...

02 setembro, 2009

Os maus da fita



...ter paciência de santo. Antes de começar a trabalhar, perguntava-me porque é que os enfermeiros tinham tanta fama de serem "maus, frios e insensíveis". Depois reparei que isso acontecia mais nos enfermeiros mais velhos que nos enfermeiros mais novos - "bem, pelo menos a nova geração é diferente e a fama vai mudar".

Quando comecei a trabalhar compreendi tudo; vou descrever um episódio/discurso entre um doente e um enfermeiro:
-Abra-me a janela (quero, posso e mando!).
-Abro então esta parte de baixo.
-Não, abra a de cima!
-Pronto, já está a janela aberta.
-Toda não, feche metade.
-Está metade fechada.
-A outra metade!
-Já está...
-Não, abra antes a parte de baixo.
-Isso era o que eu tinha sugerido no início... pronto, está aberta.
O enfermeiro vira costas para ir embora e...
-Afinal, não quero a janela aberta!

Este episódio que recordado tem piada, na altura "tira a paciência a um santo", e assim, entre outros episódios semelhantes e mais factores condicionantes que vão sendo postados aqui no blog, qualquer enfermeiro "bom, carinhoso e sensível" muda com o decorrer dos anos, até mesmo para aqueles que exercem enfermagem por vocação, caridade, ou que lhe queiram chamar, grupo no qual obviamente não me insiro, mas garanto que tenho "paciência de santo" e alguns doentes a conseguem esgotar com relativa facilidade.