25 janeiro, 2010

GREVE DIAS 27, 28 E 29



...apelar à greve. Porque o momento assim o exige, apelo a todos os enfermeiros (e futuros enfermeiros) que façam greve nos dias 27, 28 e 29 e que participem na manifestação nacional, em Lisboa no dia 29. Apelo ainda à participação em todas as manifestações regionais organizadas de modo a pararmos não só o SNS mas o país na medida do possível, valendo-nos do nosso elevado número. Não basta demonstrarmos a nossa importância na saúde, temos de captar a atenção das pessoas para as injustiças de que a nossa classe profissional é constantemente alvo, interferindo com o seu quotidiano, perturbando-as, captando a atenção dos media para assim levarmos o nosso descontentamento a toda a gente. Este é o verdadeiro momento para os enfermeiros do "agora ou nunca", pois tudo vai ficar decidido e não haverá mais greves ou manifestações que possam reverter a situação. Não podemos dar desculpa aos sindicatos para não conseguirem negociar uma carreira condigna à semelhança de todos os outros profissionais portugueses que recebem um ordenado correspondente ao seu grau académico. Quem não quiser/puder participar na manifestação deve assegurar os cuidados mínimos de modo a permitir a participação dos colegas interessados e quem assegurar mínimos tem de compreender que um dia de greve não é um dia normal e o serviço não deve funcionar normalmente ou se possível nem funcionar de todo e doentes e seus familiares devem sentir os efeitos da greve de modo a que esta seja eficaz. Não podemos continuar a ser (literalmente) o "parente pobre" da saúde. A greve assume-se neste momento como uma obrigação e não um direito!


Quem não berra, não mama!
                                    Sabedoria popular


(E quem não "berrar" agora, "que se cale para sempre")

23 janeiro, 2010

II Jornadas APEG



...divulgar a realização das II Jornadas da Associação Portuguesa de Enfermagem Gerontogeriátrica (APEG) a pedido desta, com o tema “Tive Alta Hospitalar e Agora?”, contando com a participação da Sociedad Española de Enfermeria Geriátrica y Gerontologia. Este evento vai decorrer nos dias 8 e 9 de Março de 2010 no Auditório da Biblioteca Municipal Almeida Garrett – Porto.

Para breve o prometido post sobre os que "tentam rumar em direcção ao cuidar (no seu sentido mais restrito)", sendo provavelmente a última reflexão aqui sobre o cuidar que já começa a ser demasiado longa (fazendo lembrar os intermináveis eventos da OE sobre "éticas e afins").

16 janeiro, 2010

Sem rumo



...navegar sem rumo. A enfermagem portuguesa ainda não definiu o seu rumo, pelo que como seria de esperar, navegando desnorteados, acabamos por nos começar a afundar (a alta velocidade) como se pode ver p.e. pelas actuais negociações da nossa carreira (APELO À GREVE!!!). Considero haver uns enfermeiros que tentam girar o leme no sentido de uma profissão mais autónoma naquelas que são actualmente as nossas competências, ambicionando ainda adquirir mais competências de grau superior de complexidade (de resto condizentes com o grau de licenciado e conhecimentos técnico-científicos subjacentes), tentando adaptar a profissão ás exigências sócio-económicas; considero haver um segundo grupo que tenta rumar em direcção ao cuidar (no seu sentido mais restrito) e este merecerá um próximo post dedicado; por fim, há um terceiro grupo contrastante com estes dois, sem dúvida o pior deles, que representa aqueles enfermeiros que fogem da autonomia porque sabem que esta acarreta responsabilidade, são aqueles que não procuram o conhecimento porque não querem precisar dele, não querem novas competências (de maior complexidade) mas pelo contrário tentam descartar as suas actuais competências mais complexas para outros profissionais (que prontamente as aceitam) mas aceitando prontamente tarefas menos complexas, preferem trabalhar como robôs nas suas rotinas diárias, à espera que o dia da reforma chegue enquanto se refugiam nos ganhos que os outros colegas vão conseguindo para a profissão. É no meio deste triplo "puxar de cordas" que nos encontramos e se actualmente um dos grupos apresenta vantagem, diria que infelizmente parece ser o último dos referidos. Não conseguimos definir a nossa área de actuação para nos podermos distinguir dos restantes profissionais de saúde e assim, enquanto nos vamos desmembrando, "os abutres" à nossa volta vão aproveitando para ficar com o bocado que mais lhe apraz , sejam os injectáveis, seja a emergência pré-hospitalar, a reabilitação, ou outro qualquer dos que recentemente temos facilmente perdido. Enquanto gastamos as forças a puxar cada um para seu lado, o governo aproveita a nossa fraqueza para nos dar o golpe final (que nem sequer de misericórdia é).

13 janeiro, 2010

Aprender com a história



...ser filho de uma mãe. Este post surge na sequência do anterior sobre o cuidar, que é portanto a verdadeira essência da enfermagem. Florence Nightingale, mãe da enfermagem moderna foi portanto a primeira grande cuidadora? Sim e não. No sentido mais restrito, enquanto "relação interpessoal", não terá acrescentado nada de significativo à enfermagem. Num sentido mais lato, de apoio "no decurso de processos de transição" (onde na verdade se pode incluir tanta coisa) foi no entanto revolucionária. Quais foram então os seus contributos tão revolucionários? O primeiro terá sido uma melhoria do tratamento médico, sobretudo com a assépsia nos tratamentos efectuados como forma de reduzir a mortalidade dos feridos (Guerra da Crimeia), facto comprovado com a análise estatística dos dados, que obtinha e organizava, apresentando-os posteriormente em forma de gráficos (de forma revolucionária), sendo esta uma das suas principais "armas"; por fim, deu ainda início à formação das enfermeiras. Eu concluo portanto, que a enfermagem moderna surgiu então quando Nightingale acrescentou algo ao cuidar (no sentido restrito), quando melhorou o tratamento dos feridos, quando inseriu a estatística "nos tratamentos" e deu inicio à formação, quando trouxe ciência para a enfermagem. Sinto que actualmente existem muitos "defensores do cuidar" que querem fazer esquecer Nightingale e querem voltar para uma enfermagem de caridade e compaixão (científica?) para com o próximo, de apoio moral e não de tratamento; num próximo post, reflectirei sobre as consequências de seguir tal caminho.


02 janeiro, 2010

Cuidado!



...cuidar. No seguimento de um post anterior, vou expor a minha reflexão sobre aquilo que enche a boca a tantos enfermeiros, mas não parece encher o bolso - o cuidar. Neste primeiro post vou só definir este termo (que de concreto não tem muito) para não me alongar demasiado.

Para a maioria dos autores a essência da enfermagem é mesmo o cuidar, pois tudo o resto será mutável na enfermagem. A diferença entre tratar/cuidar e os "holismos" é certamente incutida em todos os enfermeiros durante o curso, pelo menos na sua vertente teórica (a aplicação prática "é outra conversa"). De toda a teoria que me foi incutida, diria que o cuidar se focaliza na relação interpessoal com uma pessoa ou grupo de pessoas (família ou comunidade) e que visa apoiá-las no decurso de processos de transição, sejam eles no âmbito da saúde ou das transições decorrentes do ciclo vital. Os enfermeiros, mais do que centrados nos processos patológicos, interessam-se pelas implicações que esses processos e outras transições possam evidenciar junto das pessoas que eles assistem. Segundo Collière, desde o início da história da Humanidade que o cuidar é imperativo para garantir a continuidade da vida do grupo e da espécie e esteve implícito ao “Ser Humano” inserido numa comunidade. Segundo Hennezel, “Cuidar é hoje e continuará a ser, o fulcro da prática de Enfermagem, e por mais sofisticado que o desenvolvimento tecnológico venha a ser, a interacção pessoal será sem dúvida fundamental para a recuperação e manutenção da saúde e maximizar o bem-estar dos indivíduos, famílias e comunidades”.

Partindo da definição do "cuidar", vou nos posts seguintes reflectir sobre as implicações de (querer) ser um profissional no cuidar.

01 janeiro, 2010

Ano Novo Vida Nova



...desejar a todos um Feliz Ano 2010.
Que seja um ano de realização individual para cada um e da enfermagem no geral.


"Jamais haverá ano novo se continuar a copiar os erros dos anos velhos."
                                                                  Luís de Camões