24 janeiro, 2011

Ece Enphermeiro


...não saber escrever nem falar. Sendo um problema mais ou menos generalizado atualmente, parece-me que atinge os enfermeiros de uma forma mais acentuada do que seria esperado/desejável, até pela importância que os registos assumem na nossa profissão, e não estou a falar de pequenos erros, de confusões com o acordo ortográfico (que por vezes até a mim me confunde), mas sim de graves erros ortográficos e gramaticais, daqueles capazes de alterar completamente o significado de uma frase ou de a tornar incompressível. Deviam-se ensinar os enfermeiros a falar e a escrever português correto, em vez de se lhes impingir diátipos que ninguém entende, nem os próprios enfermeiros, porque até acabam por chocar com a língua portuguesa, fruto das traduções (dizem eles). Para disfarçar esta lacuna, obrigam os enfermeiros a "clicar em bolinhas", assim não há erros... confesso que esta restrição aos meus registos, esta forma de censura muito me desagrada, pois para a responsabilidade dos mesmos me ser atribuída, diz a filosofia que obrigatoriamente também tem de me ser atribuída a liberdade na execução dos mesmos. Esta solução falaciosa não impede os enfermeiros de fazerem "figuras tristes" nos diálogos com os familiares dos doentes e com outros profissionais, momentos que me fizeram sentir vergonha pela degradação da imagem da nossa profissão que esses colegas conseguem a cada dia. Para quem não percebe a importância daquilo que eu estou a dizer, deixo um exemplo daquilo que a (simples) pontuação pode fazer:

Acabem-se com os enfermeiros! Não precisamos deles.

E agora:

Acabem-se com os enfermeiros? Não! Precisamos deles.

Como vêem, não saber escrever "pode acabar" com os enfermeiros...

06 janeiro, 2011

Relatividade do tempo


...não saber o valor do tempo. "Tempo é dinheiro", sim, mas não só. Um enfermeiro que aceita 2 euros por uma hora de trabalho sabe o valor do tempo? Isto, para não falar dos que trabalham gratuitamente. A última proposta para limpeza de casa que recebi foi de 12 euros/hora, comparações? São fáceis de fazer. Mas, como disse, o tempo não é só dinheiro, pois há coisas que o dinheiro não consegue comprar, e que devemos pensar se são mais valiosas que o dinheiro ou não, sejam 2 ou 12 euros. Quanto vale poder passar o Natal, ou outras festas com a família? Alguns até dizem que vale o mesmo que um dia vulgar, mas como diz o outro "pimenta no rabo dos outros, para mim é refresco". Quanto vale todo o tempo passado com a família mais próxima, pais, cônjuges, filhos, irmãos? Quanto vale uma noite passada na nossa cama, sem gritos, sem campainhas, sem trabalhar? Quanto vale um dia da nossa vida perdido? Quanto vale a saúde física e mental? Quanto vale um ritmo circadiano adequado? Quanto vale uma tarde passada com um amigo a conduzir um kart, ou um Ferrari? Quanto vale um dia de sossego sem chamadas de telemóvel inquietantes? Quanto vale a felicidade?
Se os enfermeiros soubessem dar o devido valor ao seu tempo, os outros também teriam de o fazer. Não se esqueçam ainda que 75% ou até 200% de pouco, provavelmente continuará a ser pouco.

"Os homens que perdem a saúde para juntar dinheiro e depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde; Por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente, de tal forma que acabam por nem viver no presente nem no futuro; Vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se nunca tivessem vivido." (Dalai Lama)