16 janeiro, 2010

Sem rumo



...navegar sem rumo. A enfermagem portuguesa ainda não definiu o seu rumo, pelo que como seria de esperar, navegando desnorteados, acabamos por nos começar a afundar (a alta velocidade) como se pode ver p.e. pelas actuais negociações da nossa carreira (APELO À GREVE!!!). Considero haver uns enfermeiros que tentam girar o leme no sentido de uma profissão mais autónoma naquelas que são actualmente as nossas competências, ambicionando ainda adquirir mais competências de grau superior de complexidade (de resto condizentes com o grau de licenciado e conhecimentos técnico-científicos subjacentes), tentando adaptar a profissão ás exigências sócio-económicas; considero haver um segundo grupo que tenta rumar em direcção ao cuidar (no seu sentido mais restrito) e este merecerá um próximo post dedicado; por fim, há um terceiro grupo contrastante com estes dois, sem dúvida o pior deles, que representa aqueles enfermeiros que fogem da autonomia porque sabem que esta acarreta responsabilidade, são aqueles que não procuram o conhecimento porque não querem precisar dele, não querem novas competências (de maior complexidade) mas pelo contrário tentam descartar as suas actuais competências mais complexas para outros profissionais (que prontamente as aceitam) mas aceitando prontamente tarefas menos complexas, preferem trabalhar como robôs nas suas rotinas diárias, à espera que o dia da reforma chegue enquanto se refugiam nos ganhos que os outros colegas vão conseguindo para a profissão. É no meio deste triplo "puxar de cordas" que nos encontramos e se actualmente um dos grupos apresenta vantagem, diria que infelizmente parece ser o último dos referidos. Não conseguimos definir a nossa área de actuação para nos podermos distinguir dos restantes profissionais de saúde e assim, enquanto nos vamos desmembrando, "os abutres" à nossa volta vão aproveitando para ficar com o bocado que mais lhe apraz , sejam os injectáveis, seja a emergência pré-hospitalar, a reabilitação, ou outro qualquer dos que recentemente temos facilmente perdido. Enquanto gastamos as forças a puxar cada um para seu lado, o governo aproveita a nossa fraqueza para nos dar o golpe final (que nem sequer de misericórdia é).

5 comentários:

Sara disse...

Boa tarde,

Não conseguiria estar mais de acordo, nem expressar de forma tão clara a nossa presente situação. De facto, além de desunidos, lutamos por matérias separadas no que concerne à definição e à súbida (ou não) do próximo degrau da nossa Enfermagem, no sentido de acompanharmos as necessidades daqueles que servimos e da evolução de tudo o resto.
É com muita pena mesmo, que tive oportunidade de me aperceber durante estágios (e infelizmente a minha experiência só advém daí) que muitos senhores e senhoras que dizem ser enfermeiros, optam pelos caminhos mais fáceis, simples, menos penosos e trabalhosos, não querendo saber que assim estão a fazer de Enfermagem um verdadeiro picadinho. Não ajudam a crescer os próximos enfermeiros, além da própria profissão e do apoio aos seus pares.

Espero que a situação se comece a inverter. Através de futuros e melhores dirigentes da classe, (p.e. Pres. SRN), que consigam a nossa união, exijam conhecimento científico, apostem na verdadeira formação (em qualidade e não quantidade, lutem pela nossa dignidade, onde também os mais novos começam a ter uma posição mais firme, consciente e activa (conheço bastantes exemplos assim...e o futuro também começa aí, enfim que com alguma super super super cola....as coisas não voltem ao que eram, mas que melhorem e nos motivem a continuar esta escalada.
Assim, talvez um dia se chegar aos meus 60anos, os meus netos reconheçam enfermagem pelo que ela é e mostra, não pelo que outros pensam que é.


Sara Correia

PS.- Espero que a Greve seja a valer, em conjunto com amigos estamos a tentar mobilizar o maior número de pessoas, além de termos entrado em contacto com a nossa Escola e outras. Alunos e recem-licenciados já é mais um valente número de pessoas.

Sant'Iago disse...

bolas. Não me apetece comentar a tua opinião. sabes, da maneira que as coisas estão, parei na imagem, e só me apetece uma 'coisa'. Acho que sabes onde estou a chegar!
Podemos ir para aí? Onde foi que estiveste, que não consigo identificar essa recta?
;)

LProlog disse...

Esta recta é para os lados de Espanha, onde os ventos sopram mais a favor dos enfermeiros que para estes lados... também não me importava de estar antes por lá. :)

vidairada disse...

As várias representações sociais dos enfermeiros em Portugal devem já ter sido objecto de apurados estudos académicos embora seja um assunto pouco debatido (a ética tem enjoativamente mais atenção)e que a meu ver explica muito do que actualmente se passa com esta profissão,pelo que gostava que "esse enfermeiro" pudesse dar o seu contributo para a divulgação de eventuais estudos se os conhecer e sua discussão.
PS:porque será que a sic quando faz reportagens sobre inem são sempre reportagens com técnicos(na última lá estava o sr a realizar um dx bem na polpinha do dedo como lhes foi ensinado provavelmente por um enfermeiro no curso de formação) e nunca por lá ouvi falar "dos" e "os" enfermeiros...e é assim que se contrói uma imagem global sobre determinadas profissões ou pseudo profissionais.

LProlog disse...

Boas vidairada. O meu post baseou-se na minha opinião de acordo com a minha experiência pessoal e desconheço estudos em Portugal sobre o assunto (o mesmo não digo obviamente da ética). O facto dos meios de comunicação não darem importância aos enfermeiros e dos enfermeiros andarem "sem rumo", penso que se conjugam num efeito "bola-de neve".