20 dezembro, 2010

Assimetrias


...ser diferente dos iguais. No outro dia, num certo concurso televisivo onde os concorrentes dizem a sua profissão, uma das concorrentes disse ser enfermeira supervisora. Isto fez-me pensar nas assimetrias da nossa profissão... ou será que até já é mais que uma profissão? Temos assimetrias entre os diferentes países, assimetrias dentro do nosso país, entre as instituições de saúde, dentro das mesmas, dentro de cada serviço e dentro das tarefas de cada um. Será sem dúvida uma das profissões mais heterogéneas que conheço. O conceito de enfermeiro em cada país é tão díspar como os seus ordenados, sendo que no nosso país temos dos enfermeiros mais desenvolvidos, com mais conhecimentos e competências, ainda que sejam dos que têm menor visibilidade social e menores ordenados (o que está correlacionado). Os ordenados variam ainda consoante as regiões, sendo que me parece que os enfermeiros são melhor remunerados no centro do que no norte/sul, ainda que desempenhem funções semelhantes (admitindo contudo que haja algumas diferenças). Em zonas iguais, mas instituições diferentes, os enfermeiros desempenham funções diferentes, têm ordenados diferentes e responsabilidades díspares. Dentro da mesma instituição, em serviços diferentes, vemos enfermeiros com a mesma formação, mas com uma enorme diferença no trabalho que desempenham, a nível do esforço físico/mental, das responsabilidades, e isto sem contar com os muitos cargos diferentes que um enfermeiro pode ocupar. Mesmo dentro do mesmo serviço, enfermeiros semelhantes na sua formação, e no seu percurso académico e até profissional, podem desempenhar funções muito diferentes, nomeadamente a nivel de front office/back office. Estas disparidades podem levar a uma desmotivação quando percepcionadas pelos enfermeiros, com as consequentes implicações disso. Parece que "somos todos colegas"... mas é só ás vezes! Para terminar, saliento ainda a heterogeneidade das funções de um enfermeiro, que num momento está a recolher material para uma intervenção que o médico vai realizar, ou a pentear um cabelo, para a seguir fazer reabilitação, ou ensinos/treinos ao doente. Eu acho que actualmente não faz sentido existir um profissional com um leque tão alargado de funções/responsabilidades, uma vez que o futuro aponta para o caminho da especialização/diferenciação e este "profissional faz-tudo" acabará por não fazer nada, uma vez que o seu leque de funções está a ser facilmente retalhado e "roubado" por outros profissionais e a solução passará por uma especialização numa "parte do leque", algo em que sejamos especializados, algo que desempenhemos melhor que ninguém, sendo insubstituíveis; só falta definir o quê... se ainda formos a tempo!...

1 comentário:

Cogitare em Saúde disse...

Votos de um Bom Natal .