24 agosto, 2009

À vontade do freguês

...trabalhar com o doente (e não para o doente). Os enfermeiros tendem a passar os limites daquilo que são cuidados de enfermagem para aquilo que é trabalho de criado. Isto acontece, para além de outras razões, porque os limites entre os dois campos não estão bem definidos. Alguns dirão: "o enfermeiro deve ajudar o doente nas tarefas que o mesmo não consegue ou não tem motivação para realizar"; então eu pergunto: e se o doente costumava usar um leque para se refrescar mas agora não consegue? será que o enfermeiro, tendo disponibilidade, deve ficar ali a abanar o leque para o doente? Qualquer doente dirá "sim!", eu próprio (no papel de doente) diria, afinal de contas, de criados (quase?) toda a gente gosta. A grande maioria dos chefes dirá: "sim, devemos fazer o doente sentir-se em casa", mas será que devemos cuidar do doente como estando num hospital (ou outra instituição de saúde) ou como se estivesse em casa? Será que isso não é fazer papel de servo? Onde terminam os direitos do doente e começam os meus? Como será de esperar, a imagem o enfermeiro pouco tem a ganhar com uma mistura com a imagem do criado, servo, escravo (diria até). Então insisto, será que só por ter disponibilidade, o enfermeiro deve satisfazer "todas as vontades" do doente?

2 comentários:

Guilherme de Carmo disse...

premiado em porquedeixeideserenfermeiro.blogspot.com

Anónimo disse...

E se lhe apetecer coçar o cú e tiver gesso em ambos os braços?