08 novembro, 2009

Ad libitum


...optimizar fraldas. Assisti recentemente a (mais) um episódio "daqueles"... Um médico, em plena enfermaria, em frente aos doentes, a ensinar enfermagem a enfermeiros, nomeadamente a explicar como fazer a drenagem postural de um membro, com todos os passos a dar, com as vantagens da técnica, a fisiologia envolvida, etc... e os enfermeiros atentos como se fosse uma grande novidade, uma aprendizagem de algo novo (seria?). Mais caricato ainda é que nesse grupo estavam presentes daqueles enfermeiros que no turno anterior tinham perdido largos minutos a discutir diagnósticos médicos, medicação prescrita e outros assuntos assuntos médicos mais, que para a prestação de cuidados de enfermagem nada importa (como de resto já é costume). Este foi só mais um episódio no meio de outros, que deviam deixar os enfermeiros a reflectir seriamente no assunto. Andam muitos enfermeiros preocupados que os AAM (ou AO) lhes possam usurpar a optimização da fralda e descuram áreas em que devíamos saber mais que ninguém, para que nenhum médico precisasse de ensinar mais enfermagem a enfermeiros. Eu sei que exige mais conhecimentos (científicos) optimizar uma drenagem postural de um membro que uma fralda ou travar/destravar um cadeirão, e se nós não formos capazes de preencher essa lacuna, os médicos estão prontos a isso e depois não se podem queixar de ver prescrições médicas como "aspirar secreções em SOS", "realizar cuidados de higiene à boca", ou "oferecer água"; se nós não soubermos praticar enfermagem alguém nos ensinará. Há um aspecto que temos no entanto de ter em atenção, que são os conhecimentos por trás das técnicas; temos de ter sólidas bases científicas de todas as técnicas que praticarmos, mais que o médico que nos quiser ensinar a praticar enfermagem. Nunca deveria ser o médico a sugerir a instalação de relógios e calendários nas enfermarias para ajudar os doentes na orientação temporal; reflectem os enfermeiros sobre a optimização das fraldas e da lavagem das costas ao "velhinho" em vez de reflectirem na manutenção do ambiente do doente? Até quando vamos deixar que retalhem a enfermagem e levem os pedaços a seu bel-prazer?

2 comentários:

Blogger de Saúde disse...

Até quando ? A força de mudar reside em cada um de nós . Pode ser que juntando vozes se faça Ouvir .

Abraços do Cogitare em Saúde.

Sant'Iago disse...

always Lp... vem no seguimento das nossa tertúlias profissionais ;)