07 outubro, 2009

Poker face


...ser (demasiado) simpático. Numa tentativa de alterar a imagem social dos enfermeiros de "maus e antipáticos" ou apenas por uma questão de personalidade individual, muitos enfermeiros iniciam a sua vida profissional com um sorriso nos lábios e é assim que cuidam dos doentes até porque foi assim que os ensinaram que devia ser, um grande erro frequente das escolas a meu ver - não distinguem empatia (capacidade importante no exercício da profissão) de simpatia (de forma alguma requisito obrigatório). A principio é bom receber elogios dos doentes de que somos "O Mr. Simpatia do sitio", mas depois apercebemo-nos que logo a seguir ao elogio vem um pedido descabido ou abusador, seguido de outro ainda pior e começamos a ver que as pessoas têm tendência para confundir simpatia com ingenuidade e subserviência. Com os colegas passa-se algo parecido, e se somos simpáticos abusam também de nós; se proferimos um simpático "bom dia" com boa disposição, somos logo brindados com um "bom dia só se for para ti"; se trabalhamos com boa disposição ouvimos logo comentários de que "é porque tiveste pouco trabalho, senão não estavas tão bem disposto"; não conseguem entender as vantagens de trabalhar com boa disposição, com bom ambiente. É "engraçado" como a simpatia e a boa disposição são confundidas com tanta coisa má. É por isso que decidi começar a trabalhar com cara de Mona Lisa ou mais na moda, com Poker face. Concluindo, ser antipático (ou "não-simpático") não é pré-requisito para ser enfermeiro, as pessoas à nossa volta é que o exigem/provocam.

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