05 outubro, 2009

Liberdade e Responsabilidade




...viver/trabalhar em contradições. Uma delas, foi estudada nas saudosas aulas de filosofia do secundário. Ensinaram-me nessa altura que a liberdade e a responsabilidade estão tão ligadas na medida em que só somos realmente livres se formos responsáveis, e só podemos ser responsáveis se formos livres. Chegado ao curso de Enfermagem, ensinam-me que em Enfermagem isto não é válido. Tomando por exemplo a prescrição terapêutica: o médico é livre de a prescrever, o enfermeiro não é, e cabe-lhe administrar; se "a coisa" correr mal, a responsabilidade é do médico e do enfermeiro; sim, eu sei que o enfermeiro "é livre" de administrar ou não, mas tem conhecimentos suficientes para decidir (ou prescrever) a administração ou não do fármaco X à pessoa Y? Se tem, porque não é livre de prescrever? Outro: Se não houver médico, o enfermeiro é responsável pela decisão de administração (i.e. prescrição) de medicação numa situação de urgência/risco de vida; tem conhecimentos para isso? se tem porque precisa de prescrição médica na presença deste? Só mais um: o assistente operacional leva o doente ao chuveiro e queima-o com água demasiado quente; sendo que o enfermeiro não tomou a decisão da regulação da temperatura da água (pois não é preciso ser licenciado nem perto disso para regular uma adequada temperatura para o banho), porque é responsável por este erro (ou má intenção)? Generalizando, o enfermeiro tem muita pouca liberdade na tomada de decisões do seu exercício diário, mas sempre que as coisas correm mal (nunca quando correm bem), a responsabilidade cai (quase) sempre sobre este (muitas das vezes com uma ajudinha da Ordem dos Enfermeiros nesse sentido).

2 comentários:

MA-S disse...

Vida de enfermeiro, sr. enfermeiro!

Sant'Iago disse...

best post ever!