28 outubro, 2009

Trabalhar para aquecer



...trabalhar para ganhar dinheiro. Pelo menos eu trabalho para isso, mas há colegas que dizem trabalhar pelo doente. Será que se não lhe pagassem trabalhavam na mesma? É que doentes há sempre. Os "patrões" é que gostam de saber disto... se trabalham pelos doentes, damos-lhes doentes e não dinheiro, sempre sai (bem) mais barato. São os mesmos colegas que quando se fazem greves, não sabem o que são "cuidados mínimos" e acabam por fazer tudo na mesma (ainda que com menor número de enfermeiros) "porque o doente não tem culpa". Não sabem o que é uma greve; quem querem "que pague"? Os ministros?! Esses nunca sofrem com nenhuma greve, quem tem de sofrer são os clientes, são os eleitores que os elegeram. Pela mesma ordem de ideias, não existiam greves nenhumas, porque a culpa é sempre dos patrões e não dos clientes, mas têm de ser estes a sofrer, a queixarem-se, a fazerem-se ouvir aos patrões; os professores não faziam greve porque nem os alunos nem os pais têm culpa. É mais uma arma que os enfermeiros não sabem aproveitar. Não me canso de repetir que praticar enfermagem (já) não é praticar caridade. É uma profissão que deve ser encarada como qualquer outra, sem necessidades de vocações, mas com necessidade de ciência, de remuneração, com clientes, com horários. Não aceito quando me dizem que ser enfermeiro é algo mais que uma profissão (à qual nos podemos dedicar mais ou menos, como qualquer outra). É só uma profissão e mesmo assim, uma profissão cada vez pior... pior remunerada, com pior visibilidade/respeito, com piores condições de trabalho e estou convicto que a culpa disto é só de quem a pratica.

1 comentário:

Andreia Guedes disse...

Totalmente de acordo!
Temos que ser cada vez mais com esta forma de encarar a nossa profissão. Chega de lamúrias e não fazer nada para que as coisas melhorem!